KOBU-DO
Kobudo, a tradição Guerreira dos Samurais
Kobudo (Ko = Antigo, Budo = Caminho Marcial) se refere às artes marciais japonesas criadas antes da restauração Meiji (1868), estilos criados pelos samurais, em uma época que a perícia marcial era a diferença entre a vida e a morte.
Alguns estilos clássicos sobrevivem até nossos dias, chegando intocados no século XXI. A oportunidade de praticar estes estilos é rara, mesmo no Japão, pois os dojos são extremamente fechados, tanto a japoneses quanto a ocidentais. O sensei Ramón Cabrera pertence a um dos mais importantes estilos de Kobudo do Brasil, tendo sido autorizado pelos Sokes (Grandes mestres) destas tradições a representá-las e ensiná-las para os alunos do Dojo Shotokaikan.
O termo kobudo, traduzido literalmente, significa “arte marcial antiga”. Referem-se à tradição guerreira dos Samurais, os estilos e artes que criaram e que chegaram até nossos dias.
O Kobudo é formado por uma grande quantidade de estilos (em japonês ryu), que ensinam as técnicas das diversas armas utilizadas pelos Samurais, como por exemplo, o Kenjutsu (técnicas com espada), Jojutsu (técnica com bastão), Naginatajutsu (alabarda), entrem muitos outros. Para ser considerado como Kobudo, um estilo precisa ter sido fundado antes de 1868, o ano da restauração Meiji no Japão, que marcou o fim dos samurais como classe social.
São estilos que possuem até 700 anos de história. Suas técnicas e ensinamentos filosóficos são passados da mesma maneira por gerações e gerações de mestres e discípulos. Alguns dos maiores guerreiros da história do Japão, como Miyamoto Musashi, Tsukahara Bukuden e Yagyu Muneyoshi dentre outros, fundaram estilos que existem até nossos dias, preservando o pensamento e técnicas destes Samurais.
Artes marciais criadas depois de 1868 são chamadas Gendai Budo, ou “Budo Moderno”. São artes como o Kendo, Aikido e Judo, que foram fundadas no início do século XX.
O cerne desta arte está na integração entre arma e praticante, quando se tornam um só.
Como disse Eugen Herrigel na “arte cavalheiresca do arqueiro zen” (sobre kyudo): o arqueiro, a flecha e o alvo se tornam um só, e atingir o alvo é atingir a si próprio.
Esse pode ser o propósito da nobre arte do kobu-do, o autoconhecimento.
Introdução ao Kobudo Tradicional de Okinawa.
Como pessoa nascida e criada em Shuri, e por ter me interessado nas histórias dos guerreiros de Shuri desde a infância, eu gastei meio século pesquisando e entrevistando pessoas relacionadas aos mestres de karate e kobudo de Shuri.
Os guerreiros de Shuri desenvolveram suas pesquisas de karate e Kobujutsu dentro das muralhas do Castelo de Shuri, o qual era chamado Bugeiza. Com mais de 600 anos de comércio com a China, tornou-se necessário para eles estudar em profundidade não apenas as técnicas de mãos vazias do karate, mas também as armas com as quais eles pudessem proteger vidas e proteger dos piratas as preciosas cargas ao atravessar os oceanos. O mérito do sistema de Shuri é que karate e Kobujutsu foram aperfeiçoados em conjunto, através das experiências de combate reais de nossos antepassados, para serem transmitidos como uma tradição nos dias de hoje.
Com a abolição do sistema de domínio feudal no Japão, o antigo sistema de status caiu em desuso. A estrutura dirigente do governo real de Shuritambém foi desmontada e mais de 360 famílias nobres e cerca de 1800 funcionários do governo da cidade perderam suas posições e salários. Saindo da cidade, a classe shizoku passou a viver no campo e se engajou na prática da agricultura, sem qualquer experiência. Lá, eles usaram o nunchaku como freio de cavalos ou muge no dialeto local, sem qualquer modificação; por isso a razão do nome muge nunchaku. O tonfa poderia ser usada como uma alça no moinho de pedra usado para fazer tofu. A pedra de moinho dos agricultores era diferente da usada no ambiente dos guerreiros, pois esta última teve origem chinesa, com o cabo inserido na pedra. O cabo poderia ser retirado imediatamente para se transformar numa arma muito poderosa.
Como outros exemplos, temos a nichogama ou foices, que também tinham um equivalente na China. Em vez das foices originais chinesas, os shizoku usavam e pesquisavam profundamente o kama. Tinbe e Rochin eram o equivalente a escudos chineses e alabardas, mas poderiam ser camuflados, respectivamente, como guarda-chuva feito de palmeira e uma pequena pá usada como ferramenta.
Por ter pesquisado as vidas de muitos dos grandes mestres de Ryukyu, tem sido meu sonho ajudar a corrigir os mal-entendidos que existem no exterior em relação ao kobudo de Okinawa. Tendo a história de Ryukyu como pano de fundo, o karate e o Kobujutsu foram desenvolvidos e profundamente pesquisados por Bushi de Shuri, e se transformaram em uma cultura exuberante da nação Ryukyu.
No entanto, com os tempos modernos, o Reino de Ryukyu tornou-se uma parte do Japão, como uma província. Os Bushi à procura de emprego foram para o campo e adquiriram terras para agricultura e as armas foram camufladas em ferramentas agrícolas, para mais tarde se difundirem e se generalizarem. Esta é uma realidade que precisava ser contada.
Nakamoto, Masahiro
Hanshi, faixa preta 10 º grau.
Presidente da Sociedade de Preservação do Kobudo Tradicional de Okinawa.
Bunbukan.
AUTOR: JORGE YOSHIMURA
Kobudo como é comumente conhecido por seus praticantes,é a arte marcial que agrega o uso de diferentes armas tradicionais cuja técnica foi desenvolvida em Okinawa e nas demais ilhas do arquipélago de Ryukyu, ao sul do Japão. Usualmente o termo Kobudo é traduzido como “caminho das antigas artes marciais”. O poder central institui uma série de mudanças no arquipélago, incluindo a proibição de portar espadas. Em decorrência, técnicas próprias começaram a ser desenvolvidas para a utilização de instrumentos agrícolas e do dia-a-dia como armas de defesa pessoal. A iniciativa ocorreu entre os habitantes comuns (agricultores, pescadores, etc.) É praticamente certo, no entanto, que o próspero comércio nos séculos XV e XVI entre Ryukyu e diversos países asiáticos contribui para o desenvolvimento do kobudo. Fortes similaridades são encontradas entre antigas armas chinesas e aquelas utilizadas no arquipélago. Em 1609 Ryukyu foi invadido pelo han Satsuma (ligado ao shogun Tokugawa, que reforçou a política de banimento de armas, incluindo a proibição da importação de armas de metal. Esse cenário torna-se rico para o desenvolvimento de artes marciais não dependentes da espada, que por fim irão formar o Karate-Do e Kobudo tal como conhecemos. Devido às proibições impostas, os ensinamentos dessas artes marciais eram passados de forma velada entre seus praticantes, estando fora do alcance público durante séculos. Da mesma forma pouquíssima documentação foi produzida a respeito, dificultando o entendimento da história de sua criação e desenvolvimento.
SAI (adaga de três pontas, parecido com um pequeno tridente) é uma arma de kobudo utilizada em trio, duas como armas primárias e uma terceira escondida, caso quem o empunhasse fosse desarmado ou tivesse-o quebrado. O sai deve ter no máximo tamanho do antebraço de quem o empunha, nunca ultrapassando esse tamanho para não se perfurar.
NUNCHAKU ou barras duplas ligadas por uma corda ou corrente é uma arma utilizada isoladamente.
TUNQUA é uma arma de kobudo utilizada aos pares. Conhecido como cacetete com empunhadura.
BO é basicamente um bastão que possui um tamanho padrão de 1,80 metro de comprimento. Existem alguns um pouco mais curtos, de 1,50 metro e outros mais longos, de 2 metros. Era usado para carregar os baldes presos em cada ponta.
EKU é o remo que era utilizado em Okinawa, que passou a ser usado como arma de defesa.
KAMA é uma pequena foice utilizada aos pares ou sozinha. Era usada nas plantações de cereais para limpeza ou colheita.